segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Continuando...

- Estou bem sim, só atrasada – O sorriso forçado que consegui colocar na cara com muito esforço pareceu não adiantar muito.
- Tem certeza? Você esta pálida e olha sua mão como esta gelada. – a voz de Nick saiu meio afobada enquanto ela abria uma nécessaire que havia tirado de dentro de sua bolsa e pegava um pequeno objeto.
Com um movimento rápido ela passou-me o espelho e então entendi o que ela dizer. Ah pronto. Eu estou parecendo um zumbi!
Minhas olheiras estavam visíveis demais e eu realmente estava pálida. Meu cabelo é castanho claro, cheio de ondas e vai até a cintura, mas eu não estava parecendo em nada comigo, bem, a não ser que fosse um rascunho e bem mal feito. A palidez parecia deixar meu cabelo com uma cor mais escura e isso só me deixou com um aspecto mais mórbido. A voz da Sra. Still me tirou do meu pequeno drama mental.
- Melissa, ora vamos. Tolerar seus atrasos já não é o bastante? Terei de tolera você tumultuando as aulas também? Por favor, após esta aula quero falar com você. Agora se sente.
Mal consegui murmuram um pedido de desculpas e, por favor, minha cabeça já estava um caos, eu realmente não precisava arrumar problema com uma das professoras. Após a aula de português, fui conversar com a Sra. Still.
- Entre Melissa – ela me chamou para dentro da sala dos professores – eu sabia que isso uma hora aconteceria.
Ok. Essa conversa já começou estranha demais.
- Desculpe Sra. Still, mas eu sinceramente não faço a mínima idéia do que a senhora pode estar falando...
- Ora minha querida – ela me interrompeu com uma voz cálida e diferente da pessoa que eu conhecia nas salas de aula. – não precisa de tudo isso, de verdade. Bom, uma hora você entenderá por hora minha função é apenas entregar-te isso. Chegou pouco antes de você. E bem, você não terá problemas com o atraso de hoje, e nem com o de amanhã.
Como assim? Ela estava dando medo.
Peguei o papel enrolado que mais parecia um pergaminho e observei cuidadosamente. Estava amarrado com uma fita dourada e no centro, onde geralmente teria um laço, a amarração levava as pontas da fita para baixo, e um selo que não conheci, parecia vindo de um castelo, como aqueles que vemos em filmes.
- Quando você estiver pronta. Saberá então. – Sua voz quebrou um pouco o medo porque apesar da admiração que me tomou quando pequei aquele pergaminho, a verdade é que algo se estremeceu dentro de mim.
Eu sai daquela sala, e fui direto para sala de aula. Lembrei que Nick viu a Srta. Megan comentando sobre prova surpresa. Ao entrar na sala ela entregou-me aprova.
- A Sr. Still me avisou que você ficaria um tempo com ela. Melissa, você sempre foi uma boa aluna, - sua voz soou preocupada, como se eu estivesse me tornando uma criminosa ou sei lá o que - tem que parar de se atrasar senão vai ter problemas por aqui.
Com a prova nas mãos fui até minha carteira, guardei o pergaminho na bolsa e mãos a obra. O sinal soou antes do que eu esperava, não consegui terminar a prova. Que ótimo. Esse dia ta uma droga.
Na troca de professores da terceira aula, eu aproveitei para dar uma escapada e ir até a lanchonete compra uma Coca-Cola, era o que eu precisava uma Coca, gelada.
Entrei na classe do professor da Davi de sociologia e não tive problemas, disse que estava resolvendo problemas do grêmio, meus amigos olharam torto quando disse isso, mas também não disseram nada. Eu sou a presidente do grêmio da escola, e eles fazem parte também. Nossa especialidade eram ‘Festas para arrecadar fundos’. Desde o inicio do ano letivo já havíamos feito nove festas, e das boas.
Ninguém me questionou sobre a resposta que dei sobre minha pequena fuga, como também ninguém me questionou nas aulas de português e biologia. Também pudera na aula de português a Sra. Still me observava de modo medonho e que me incomodou profundamente, e na aula de biologia tivemos aquela adorável prova surpresa. Eba.
Mas também me deu tempo de raciocinar e pensar no que eu iria dizer aos meus amigos, eu queria muito falar a verdade, mas não sei se eles entenderiam, ou se zombariam de mim. E o pior é que eu teria de dar uma resposta, eles não iriam me deixar esquecer daquilo sem lhes responder primeiro. Tudo bem. Pense Melissa, e rápido.
Aquela aula foi calma, e depois de três aulas me comportando, bem, como meus amigos diriam, como um zumbi, tudo parecia que iria se encaixar quando soou o sinal para o intervalo. Eu iria então contar a eles. A todos.


beeijos comentem

sábado, 13 de novembro de 2010

Mel - Primeiros Segredos

1.

 27 de Julho

Bom, sou Mel (Melissa), ganhei este diário de mamãe hoje pela manhã. Ela disse que seria bom eu me abri com alguém para quem sabe ser menos agressiva e olha que nem sou agressiva. Hoje é meu aniversário, completei 17 anos e tudo que minha mãe me dá é um diário para que eu deixe de ser agressiva? Isso é tão patético.
Para uma primeira página de uma coisa que nunca escrevi na vida, acho que isto já esta de bom tamanho, esta tarde, tenho que dormir por que ultima semana ou não, amanhã tem aula. Sim é estranho por que estamos em Julho, então culpem o governo.






No segundo semestre eu finalmente consegui um emprego, então tive de começar a estudar a noite. Não foi um problema, logo fiz amigos e eu já conhecia algumas pessoas também, mas fiquei muito próxima mesmo foi de duas garotas com as quais já tinha estudado no primário. Nicole, uma garota baixinha de cabelos longos e loiros, olhos castanhos e vivia reclamando por ser a única da família com olhos escuros e suas irmãs tinham olhos verdes. E Mirella, uma garota alta de cabelos curtos enrolados e negros como a noite e olhos azuis como o céu em um dia de verão.
Tudo estava dentro do que chamo de ‘normal’ até então.
Eu estava no ponto de ônibus esperando minha carona para ir para aula e como já era de costume, atrasada, tudo bem, pontualidade nunca foi meu forte. Em frente ao ponto de ônibus, do outro lado da rua há uma esquina, e na calçada uma placa de pare. Foi então, presa nos meus pensamentos, sem prender muito o olhar em qualquer ponto específico que vi uma coruja, muito bonita por sinal, empoleirada encima da placa.
Quando olhei para ela, percebi que os olhos da ave estavam fixados nos meus, ela abriu as asas e de forma sincronizada o bico se abriu soltando algo que meus ouvidos captaram nitidamente como ‘você demorou muito. Já esta atrasada sabia?’ Meu Deus, eu devia estar ficando louca, sei que nunca fui um modelo de normalidade, mas achar que uma coruja surpreendentemente grande e bonita havia falado comigo, daí já é demais até para mim.
Ainda submersa em meu pânico momentâneo e tentando não acreditar em qualquer coisa, sim qualquer coisa que tenha ocorrido ali, percebi que a minha carona estava se aproximando. Ah, minha válvula de escape.
Como já era de se esperar, quando cheguei a escola a professora de português, Sra. Still, já estava na sala. No momento, nem consegui prestar atenção nos olhares que me seguiam enquanto eu atravessava a sala, geralmente eu entraria e cumprimentaria a todos com um sorriso, mas eu não conseguia pensar em nada, nada com coerência pelo menos, eu só queria encontrar uma resposta, e eu simplesmente não estava conseguindo encontrá-la. Segui meu caminho através da sala, eu queria estar logo junto com minhas amigas. Onde elas estavam? No fundão é claro.
Minha cabeça girava, como se alguém tivesse me dado uma pancada muito forte ou eu tivesse tomado uma garrafa de vinho inteira sozinha. Eu só sabia repetir milhões de vezes a mim mesma: ‘Eu estou louca. Eu estou louca. Eu estou louca’.
Ta, tudo bem. Confesso que já li e que também são os livros que mais gosto, os de trilogias como Harry Potter, House of Night, Saga Crepúsculo e Vampires Diares. Mas na boa, colocar isso assim na minha vida é muita pressão psicológica. Epa será que eu estou bêbada? Ta, já sei, eu to dormindo. Iludidinha era isso que eu realmente estava, iludindo a mim, me negando a própria realidade.
Quando cheguei até elas, seus olhos arregalados de espanto me surpreenderam. Teriam elas ouvido corujas falantes também?
- Mel, você se sente bem? – A pergunta feita por Mirella era visivelmente repetida nos olhos de Nicole também.
Antes de responder percebi que Natan e Matteo (dois garotos do time que andavam conosco) estavam igualmente perturbados. Eu queria lhes contar o que aconteceu, queria mesmo, e rápido, antes que meu cérebro torrasse com toda aquela pressão que lhe estava causando uma batalha interna das grandes. Mas além de chegar atrasada, algo parecia dizer a todos que bem, definitivamente era uma coisa que eu não estava. Além de meus amigos, a classe toda me olhava de um jeito bem estranho, então o jeito era disfarçar. Ora, eu já estava com medo demais para contar apenas aos meus amigos, imagina para uma classe inteira. Não, obrigada, dispenso emoções como esta (risos internos).





Galera vou continuar postando diariamente. Deixem opniões.
Beeijos